Boate Kiss: palmas, sinos e buzinas marcam os três meses da tragédia


O toque dos sinos da Catedral Metropolitana de Santa Maria (RS), pontualmente às 8h deste sábado, foi a senha para que cerca de 200 pessoas começassem a prestar suas homenagens às 241 vítimas da tragédia da boate Kiss, no dia em que o incêndio completa três meses. Nesse momento, os amigos e familiares das pessoas que morreram começaram a bater palmas na Praça Saldanha Marinho, no Centro da cidade. O ato já se tornou tradicional no dia 27 de cada mês.
Era para ser um minuto de barulho que, além das palmas e dos sinos, ainda teve o componente das buzinas dos carros. Mas foram sete minutos. Enquanto um grupo fazia sua reverência na praça, outro se reunia em frente à boate Kiss, a uma quadra dali.
Depois das palmas, Denyze Marques Diniz, 60 anos, pediu que todas a acompanhassem em um “Parabéns a Você" para o neto Vinicius Silveira Marques de Mello, que morreu no incêndio da Kiss e completaria 21 anos neste sábado. Em seguida, o presidente da Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), Adherbal Ferreira, comandou um Pai Nosso e uma Ave Maria, com todos de mãos dadas.
Durante a manifestação da manhã deste sábado, familiares usaram camisetas com fotos das vítimas e penduraram banners e cartazes junto à tenda da AVTSM na praça. Enquanto os aplausos ecoavam, muitos não seguraram a emoção e choraram. Também eram constantes os abraços.
Tatiele Arrial, 26 anos, foi à praça para não deixar que a tragédia seja esquecida. Ela estava na boate na madrugada do incêndio e conseguiu sair com vida, ficando seis dias internada depois. O namorado dela, Marton Matana, 22 anos, não conseguiu escapar e morreu. “A gente quer justiça, é o principal. Não só pelos 241 mortos, mas também por todos os sobreviventes”, diz Tatiele.
Desde a noite de sexta-feira, familiares e amigos de vitimas da tragédia da boate Kiss fizeram uma vigília na Praça Saldanha Marinho, dividindo experiências e fazendo orações. Às 18h, no mesmo local, a associação promoverá um “minuto de aplausos”.
Outro evento dos três meses da tragédia que tem a participação de familiares das vítimas é uma caminhada organizada pelo Movimento Santa Maria do Luto à Luta. O nome do evento, "Meu Partido É um Coração Partido", é para destacar que a iniciativa é totalmente apartidária.
Na programação, haverá distribuição de panfletos na Praça Saldanha Marinho a partir das 16h30 deste sábado. Depois, às 17h30, também na Saldanha Marinho, começa a concentração para uma caminhada. Nesse momento, as manifestações serão permitidas somente para familiares das vítimas da tragédia.
Para as 18h30, está marcada a saída da caminhada até a Basílica da Medianeira. No trajeto, serão colocadas fitas pretas nos postes e nas árvores de um dos lados das vias do percurso, para simbolizar o luto. Do outro lado, serão amarradas fitas brancas, em referência à paz que os manifestantes estão buscando. Serão 241 fitas no total, em alusão ao número de vítimas da tragédia.
A missa na Basílica da Medianeira começa às 20h. Durante o sábado, haverá celebrações religiosas alusivas à tragédia em outras igrejas de Santa Maria.
Terra 

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